segunda-feira, 14 de março de 2016

Entrevista com Jordana Braz, fotografia em "Um Estrangeiro"

Chega ao fim mais uma temporada das nossas Oficinas.

Conversamos com alguns dos selecionados que nos contaram sua experiência em participar das Oficinas Kinoforum e ter uma possibilidade de novas vivências e experiências oferecidas gratuitamente a todos pela Prefeitura, com o aprofundamento nas questões que envolvem a realização audiovisual, o desafio de transcrever o roteiro para imagens e suas expectativas de impacto aos espectadores. Acompanhe nossa entrevista com Jordana Braz, fotografia em "Um Estrangeiro":


Faça uma breve apresentação do seu histórico em audiovisual.

Comecei a fotografar em 2008 e realizo, desde então, alguns projetos autorais na área de Fotojornalismo e Fotografia documental. Em 2010, comecei a expandir meu interesse em Fotografia para Cinema e iniciei um curso de Direção de Fotografia no mesmo ano, porém foi no mesmo período em que iniciei minha graduação na UNIFESP e por não conseguir conciliar os dois cursos, tive que abrir mão do curso de Direção de Fotografia. Em 2012, fui convidada para ser Fotógrafa Still do documentário “Uma Tonelada de Maracatu”, projeto contemplado pelo programa VAI, e durante as filmagens pude conferir bem de perto o trabalho do fotógrafo de cinema. E, finalmente, em 2016 fui uma das selecionadas para as Oficinas da Kinoforum.

Qual o tema abordado no curta metragem? De onde veio a inspiração?

O tema do curta é imigração e o personagem do curta é Joel, um haitiano que vive em São Paulo. A inspiração para o roteiro é o próprio personagem: Joel é real, veio do Haiti para Brasil e mesmo enfrentando dificuldades em seu emprego em uma repartição pública, tem o sonho de ser um artista reconhecido por seu talento e corre em busca de tornar seu sonho em realidade.


Como foi o desafio de transcrever o roteiro para imagens?

O desafio enfrentado foi mais na questão de aprender que imprevistos acontecem, seja pelo  dia que está chuvoso demais para gravar 'tal' cena ou até mesmo por ajustes na equipe... rs. Fora isso, não senti maiores dificuldades em transpor o tema do roteiro para imagem por eu já pesquisar o assunto bem antes da oficina, com um recorte maior para imigração Africana, e gostar de cineastas que tratam dessa temática, como o senegalês  Ousmane Sembène e o diretor e etnólogo francês Jean Rouch. Ter essas referências anteriores à realização do curta me ajudaram a pensar o roteiro em imagem com fluidez. E principalmente, meu excelente entrosamento com meu parceiro de equipe em fotografia Felipe Murgas colaborou e muito para que esse 'desafio' e possíveis dificuldades fossem enfrentados. Sem dúvida, construímos um bom trabalho em equipe.

Qual a importância das oficinas da Kinoforum e quanto ajudou o projeto a se tornar realidade?

Ter participado das Oficinas da Kinoforum foi transformador na minha relação com a fotografia, mas também na minha experiência como pessoa. Trabalhar e respeitar o espaço que cada área tem dentro de uma equipe de audiovisual, driblar imprevistos no set de filmagens e tantas outras coisas foram situações novas para mim e que eu vou levar comigo além do período da oficina. Foi uma experiência que me amadureceu em diversos aspectos. Além disso, os profissionais da Kinoforum deram todo o auxílio e suporte para que o curta fosse realizado.


Quais as locações utilizadas na filmagem?

Gravamos o curta na região onde está localizada a Galeria Olido, na própria Galeria e no Largo do Paissandú. Utilizamos também como locação o Espaço Maquinaria, na Bela Vista, e o Teatro Arena (Núcleo Bartolomeu de Depoimentos), na República.



Qual impacto você espera que o curta tenha nas pessoas que o vejam.

Espero que o curta contribua para uma reflexão sobre a questão da imigração e das pessoas que imigram para a cidade de São Paulo. Antes da nacionalidade, são pessoas como qualquer outra e merecem todo o nosso respeito. O Brasil tem a falsa impressão de si mesmo sobre ser um “país acolhedor” para quem é estrangeiro, mas no dia a dia não é assim e principalmente para quem é estrangeiro negro. vários comentários xenofóbicos enquanto gravávamos com o Joel nas ruas e diante As pessoas são muito preconceituosas e dizem absurdos sem se importar se o “imigrante” está entendendo ou não, presenciamos dessas situações, percebemos o quanto a realização desse curta é importante.


Ficha técnica da equipe do Curta.

Direção: Fredo Peixoto e Elaine Coutrin
Roteiro: Fredo Peixoto, Júnior Oliveira e Roberto Brilhante
Produção: Isa Colombo e Danni França
Fotografia: Felipe Murgas e Jordana Braz
Som: Gildeane Kelly e Vinicius Linhares

Edição: Ana Carolina e Bruna Ferreira

Entrevista por Sandro Duarte
Fotos por Rafael Ferreira

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