segunda-feira, 14 de março de 2016

Entrevista com Junior Oliveira, direção em "1972"

Chega ao fim mais uma temporada das nossas Oficinas.

Conversamos com alguns dos selecionados que nos contaram sua experiência em participar das Oficinas Kinoforum e ter uma possibilidade de novas vivências e experiências oferecidas gratuitamente a todos pela Prefeitura, com o aprofundamento nas questões que envolvem a realização audiovisual, o desafio de transcrever o roteiro para imagens e suas expectativas de impacto aos espectadores. Acompanhe nossa entrevista com Junior Oliveira, direção em "1972":


Faça uma breve apresentação do seu histórico em audiovisual.

Tenho formação acadêmica em Comunicação Social - Rádio e TV e sempre me interessei pelo universo audiovisual. Minha escolha profissional caminhou nesse sentido. Durante o período da faculdade participei de algumas produções audiovisuais, escrevi e dirigi o filme “O Armário” como trabalho de conclusão de curso, tanto na academia quanto paralelo a ela. Dirigi alguns vídeos, escrevi alguns roteiros e produzi a maioria dos vídeos no qual estive presente. Paralelo a essas participações também continuei estudando sobre a linguagem cinematográfica.

Qual o tema abordado no curta metragem? De onde veio a inspiração?

O curta tem como mote um tema bem atual. O cenário político atual está estruturado numa polaridade política que faz gerar diversas discussões acerca de quais rumos tomar na política, e por esse motivo muitas pessoas adotam o discurso do retorno da ditadura militar. Nesse sentido, a abordagem do curta está direcionada a isso, entender como esse posicionamento afeta a vida de pessoas que viveram a crueldade do período militar e de como esses posicionamentos se apresentam em período de manifestações. Os roteiristas trouxeram de situações do cotidiano a inspiração para o texto, trazendo a discussão política contemporânea para o filme.

Como foi o desafio de transcrever o roteiro para imagens?

Todo processo de transcrição é sempre complexo. Nesse caso foi necessário ler, entender e refletir sobre a proposta de texto e a partir daí pensar o filme em cenas que pudessem contar essa narrativa. Nesse aspecto tivemos que levar em consideração também a produção do filme, pensar as gravações pela locação, os ambientes tinham particularidades que fez com que o grupo pensasse os planos de cada cena de maneira especifica. Além disso, pensamos em uma proposta de filmagem no qual prevalecessem planos mais estáticos, uma proposta pensada para criar uma identidade condizente com a proposta de narrativa que estava no roteiro.


Qual a importância das oficinas da Kinoforum e quanto ajudou o projeto a se tornar realidade?

A proposta das oficinas Kinoforum de entender, apreender e por em prática as diversas áreas do cinema foi essencial para mim enquanto alguém que busca formação e conhecimento na área do cinema, pensando em mercado e também no estudo de conteúdo audiovisual. O primeiro momento da oficina, centrado nos estudos mais teóricos foram importantes para entender a linguagem do cinema, questões como decupagem, análise técnica, storyboard, entre outros. A partir do conteúdo passado colocamos em prática já tendo como base o roteiro escolhido, no meu caso 1972. Esse processo inicial nas oficinas foi essencial para o andamento do projeto.

Quais as locações utilizadas na filmagem?

Utilizamos duas locações para as filmagens. Um depósito de um bar no Bairro de Santo Amaro e o bar localizado no bairro do Bom Retiro. Além disso, gravamos algumas imagens em detalhes no Memorial da Resistência.

Qual impacto você espera que o curta tenha nas pessoas que o vejam.

As intenções serão sempre variadas ao chegar no público. Mas, a maior atenção que pretendemos alcançar com o filme é que o público pense, em especial nas consequências de nossas palavras e de como é importante entender todo um contexto antes de demarcar opiniões que podem soar equivocadas. No filme a postura dos jovens que defendem a volta da ditadura militar afetam diretamente o funcionário do bar, em especial, porque a vida do Eduardo foi marcada por esse período de uma forma que ele não consegue superar tão facilmente.


Ficha técnica da equipe do Curta.

Roteiro - Maisa Pimentel e Marco Antonio Soares
Direção - Júnior Oliveira
Direção de Fotografia - Marco Antonio Soares e Annie Sanseverino
Assistentes de Direção - Rodrigo Ribeiro e Maisa Pimentel
Produção - Jéssica Brito e Karina Vieira
Som - Renato Albuquerque e Rogério Ultramari

Entrevista por Sandro Duarte
Fotos por Rafael Ferreira

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